A Câmara Brasileira do Livro (CBL) anunciou a desclassificação da edição de “Frankenstein” que concorria na categoria de Ilustração do Prêmio Jabuti 2023. O motivo da exclusão foi o uso de uma ferramenta de inteligência artificial (IA) na criação das imagens.
A decisão da CBL foi tomada após a revelação de que as ilustrações do livro foram criadas, em parte, pela ferramenta Midjourney. O designer responsável pelas imagens, Vicente Pessôa, utilizou a ferramenta para gerar ideias e conceitos, que foram posteriormente desenvolvidos por ele.
Decisão gera debate sobre o papel da IA na arte
O regulamento do Prêmio Jabuti não prevê a avaliação de obras produzidas com auxílio de Inteligência Artificial .
A CBL esclareceu que a inclusão de ferramentas de IA nas regras será discutida para futuras edições do prêmio.
A decisão da CBL gerou polêmica nas redes sociais. Alguns internautas criticaram a decisão, argumentando que a IA é uma ferramenta que pode ser utilizada para criar arte de alta qualidade.
Outros defenderam a decisão, argumentando que o prêmio deve ser destinado a obras criadas por humanos.
André Dahmer, cartunista e jurado do Prêmio Jabuti, expressou em uma rede social que desconhecia o uso da ferramenta na obra.
Ele afirmou que teria avaliado o livro diferentemente se estivesse ciente da coautoria de uma ferramenta de IA.
Dahmer também ressaltou a ausência de má fé na inscrição da obra, citando a menção da coautoria de “Vicente Pessôa e Midjourney” na ficha catalográfica do livro.
IA imitando a Arte
A desclassificação de “Frankenstein” abre um precedente importante para a discussão sobre o papel da IA na criação artística e literária. A decisão da CBL pode ajudar a definir o que é considerado “arte original” em um contexto onde a tecnologia está cada vez mais presente na produção artística.
A desclassificação de “Frankenstein” pode ser vista como uma vitória para os defensores dos direitos autorais. Eles argumentam que a IA não pode ser considerada uma ferramenta criativa original, pois apenas gera ideias e conceitos que são posteriormente desenvolvidos por humanos.
Por outro lado, os defensores da IA argumentam que a tecnologia pode ser utilizada para criar arte de alta qualidade. Eles citam exemplos de obras criadas por IA que foram premiadas em concursos internacionais, como o Prix Ars Electronica.
A discussão sobre o papel da IA na arte e literatura promete ser longa e complexa. A decisão da CBL é apenas um primeiro passo em um debate que ainda está no início.